sexta-feira, 10 de junho de 2011

Manoel Marques de Souza – O Alferes

     O Alferes Manuel Marques de Souza que tinha estância em Bagé. Não é o mesmo que teria morrido envenenado em Montevidéu no posto de Brigadeiro. Sobre este Manoel o "Alferes de Bagé" existem muitas confusões genealógicas, onde aparece com outros acendentes. Para elucidar esta minha duvida, montei esta reconstituição de sua  biografia, onde notamos contradições insuperáveis, como veremos a seguir:
  1. Segundo seu comandante Domingos Nunes, em atestado de 20 de Abril de 1804. Informa que o Furriel Manuel Marques de Souza é agregado da sua Companhia onde serviu durante toda a Guerra. Fazendo todo o serviço de campo, como patrulha e bombeiro (vigias). Por isso em 1803, foi conservado na ocupação de vigiar os campos. E que o mesmo é pobre, foi casado e tem numerosa família e que nunca teve graça alguma de terreno.
  2. Já Pedro Fagundes de Oliveira, então Comandante da Guarda de São Sebastião. Certifica em 30 Março de 1807, que a oito ou nove anos o Furriel Manuel Marques de Souza, deixou de ter o emprego de administrador da fazenda do Capitão Domingos Francisco de Araújo, e que ficou sem donde manter sua família. Tendo ele comiseração do referido Manuel Marques de Souza, lhe destinou que fosse viver em seus campos, onde há um rincão em que se acha levantado o primeiro marco Português da passada demarcação de Limites.
  3. Em 20 de Abril de 1812, o agora Alferes Manuel Marques de Souza é Comandante da Guarda do Pirahy. que havia confiscado animais para as forças de Sua Majestade acampadas nos Cerros de Bagé.
  4. Em 10 de Abril de 1815 a requerimento do Alferes Manuel Marques de Souza, é medido e demarcado judicialmente, pelo juízo de Rio Pardo, os campos em que está ele de posse (na mesma localidade destinada por Pedro Fagundes).
  5. Em 18 de Dezembro de 1830, o Alferes Manuel Marques de Souza e sua segunda mulher Dna. Brígida Pedroza de Oliveira, venderam partes destes campos ao Capitão Antônio Pinto Barreto, denominados da Estância da Palma.
  6. Em 4 de Fevereiro de 1833 o dito casal, ratificaram a escritura pública com forme o contrato particular de venda, assinado em 1830.
  7. O Alferes faleceu em 19 de Agosto de 1843, Sendo inventariado junto com a sua segunda esposa Dna. Brígida Pedroza de Oliveira, sendo inventariante Domingos Marques de Souza. O inventario foi pedido em 1848 e foi concluído em 1853, no 1º Cartório de Órfãos e Ausentes de Bagé. 
  8. Logo deduzo e afirmo que Alferes Manoel Marques de Souza nunca morou fora de Bagé, logo é lógico não pode ser nem um destes outros.
  9.  Em longa e difícil pesquisa, cheguei ao Livro de Registro de Batismo da localidade de Estreito/RS. Onde achei no dia 06/10/1766 o registro do filho de Francisco de Souza Soares (Filho) e de Anna Alexandra Fernandes de nome; "Manoel". Tendo como padrinho o Tenente Manoel Marques de Souza (I). O que condiz com outras informações e também que o Manoel Marques de Souza (I) batizou os outros filhos do Francisco de Souza Soares, os de nome; José e Joaquina.
  10. Também ajuda a explicar um dos motivos pelo qual o então Brigadeiro Manoel Marques de Souza veio acampar nos Serros de Bagé  em 1811, pois aqui morava seu afiliado.
                     Do Inventário concluído no ano de 1853 no 1º Cartório de Órfãos e Ausentes de Bagé, constam os seguintes descendentes;
           Do Primeiro Matrimonio (com Maria Bernarda Bueno de Araújo)
1- Ignácia Marques de Souza – 56 anos, viúva de Salvador dos Santos Jardim, casou em segundas núpcias com José Rodrigues de Saibro.
2 – Domingos Marques de Souza – 52 anos, casado.
3 – Felício Marques de Souza – falecido, casado que foi com Joana Vidal, que no presente se acha casada com João Rita, e lhe deu filhos seguintes:
  • Maria do Carmo Marques – viúva que é do Ten. Joaquim Francisco de Quadros, casada segunda vez com o Ten. Fernando Riet.
  • Maria Zeferina – casada com José (….).
  • Felício – solteiro com a idade de 18 anos.
  • Paulino – solteiro com a idade de 12 anos. 
          4 - Vasco Marques de Souza - Casado, 50 anos. 
                Do Segundo Matrimonio ( Brígida Pedroza de Oliveira)
          5 - José Marques de Souza - Casado, 42 anos.
          6 – Laurinda Marques de Souza – viúva, 39 anos. 
          7 – Joaquina Marques de Souza – 33 anos, casada com Alberto da Costa.
          8 – Antônio Marques de Souza – casado 36 anos.
          9 – Zeferina Marques de Souza – casada com Bernardo Correia da Silva.
        10 – Manuel Marques de Souza – solteiro 25 anos (nascido por tanto em 1823) (mais tarde casou com Francisca Fagundes com quem teve a filha Etelvina Marques de Souza c/c Anacleto Eugênio Goulart).
        11 – Anacleto Marques de Souza – 22 anos, do 2º Reg.. de Cav.. Ligeira.
        12 – Carlota Marques de Souza – já falecida casada que foi com Silvério    Francisco Goulart de quem deixou os seguintes filhos:
  • Libinda – casada com Sereno (…)
  • Nancito Goulart (vulgo Aniceto).
  • Anacleto Goulart – solteiro, 11 anos.
  • Joaquim Goulart – solteiro, 10 anos.
  • Theodora Goulart – solteira, 9 anos.
Filhos naturais de Brígida Pedroza de Oliveira
    • Elleutério – 50 anos, ausente.
    • Anna de Sequeira – casada com Joaquim Demétrio.
    • Guilhermina – casada com José Antônio de Medeiros.
Bens de Raiz
    • Uma légua de campo entre dois Galhos do Pirahy (Estância da Palma).
    • Uma sesmaria de campo em São Luiz (Arroio São Luiz).
 Manoel Marques de Souza (I) *1743/+1822 sendo pai do Manoel Marques de Souza (II) e padrinho do Alferes Manoel Marques de Souza.
 Manuel Marque de Souza (II), segundo diversas fontes, faleceu no ano de 1824 em Montevidéu e
 seu filho o Conde de Porto Alegre, Manuel Marques de Souza (III), nasceu em 13 de Junho de 1805.
     Por tanto o nosso Alferes é o Manuel Marque de Souza (IV), pai do Manuel Marque de Souza (V) se não houver outros Manuéis Marques de Souza.

Fonte de pesquisa:
 - NOGUEIRA, Nerci - Nos Primórdios de Bagé, Anotações de Registros Históricos (1753 - 1870).
 - Inventário Nº101/Ano 1853/ Bagé - Arqv.Púb.do Estado do Rio Grande do Sul.
 - Processo de Medição de Campo Nº 332/Ano 1834/ Caçapava -Arqv.Púb. do Estado do Rio Grande do Sul.
 - Cúria Metropolitana/Porto Alegre.