sábado, 1 de outubro de 2011

A Sesmaria Perdida

Perderam uma sesmaria de campo em Bagé! E olha que esta sesmaria media 6,6 Km de largura e 19,8 Km de cumprido. Seu primeiro dono (no papel) era Luiz Manoel de Souza.  Esta história é assim:
No ano de 1789 começou a ser distribuídas sesmarias de terras em parte da área do que viria a ser o Distrito de São Sebastião, nesta época Fronteira de Rio Pardo.
Com a Guerra do ano de 1801, foram anexadas grandes áreas de terras ao Continente de São Pedro (RGS). Com isso a área territorial do já citado futuro Distrito, teve um aumento significativo, e nova leva de posseiros instalou-se nestas terras.
Os posseiros após esperar o tempo hábil, começaram a requerer Carta de Sesmaria, entre outros estava Luiz Manoel de Souza.
Durante a tramitação dos documentos, acampa nas proximidades do Cerro de Bagé, um Exército ao mando de Dom Diogo de Souza, o que veio a dar agilidade na tramitação dos já citados documentos. Luiz Manoel de Souza recebe então sua Carta de Sesmaria em 1814, concedida que foi por Dom Diogo. A sesmaria se localizava nas Sobras de Campos pertencentes a Pedro Fagundes de Oliveira e a Viúva de Ignácio Marques, na Fronteira de Rio Pardo. Tinha a extensão de Uma Légua de frente por Três Léguas de fundos.
Luiz Manoel de Souza vendeu esta Sesmaria para Félix de Sá Souto Maior, por volta do ano de 1830. Félix então requereu junto á justiça de Piratini a exacta localização e medição desta Sesmaria. Sabendo disto o Capitão Antônio Pinto Barreto requereu em 1830, junto á justiça de Caçapava, a medição dos campos comprados de Manoel Marques de Souza que havia sido medidos e demarcados no ano de 1815, por esta justiça. Temia o Capitão que seus campos fossem incluídos na dita Sesmaria.
Falecendo Félix de Sá Souto Maior a sua esposa, Dona Cândida Francisca de Lima e seu filho Vicente José de Maia requereram junto a justiça de São Sebastião de Bagé em 1851, a localização e medição da já citada Sesmaria. Contra os herdeiros de Pedro Fagundes de Oliveira e Ignácio Marques. neste processo foram citados os possuidores, nesta época, das terras de Pedro Fagundes e Ignácio Marques:  Antônio da Rosa, Evaristo Rodrigues, Francisca dos Santos, Francisco Malaquias de Borba, Inocêncio da Rosa, Jacintho de Oliveira, Jerônimo Silveira, Joaquim José de França, José Antônio de Oliveira, Luiz Vaz, Manoel Barboza, Manoel Corrêa Barboza, Manoel da Rosa, Manoel Martins, Militão Teixeira, Serafim Dantas, Serafim Pereira Machado, Simão Barboza do Prado, Viúvas Matildes e Anna Helena Corrêa de Borba e as Viúvas de João Baptista Machado e de Refael Teixeira Muniz.
Este Processo (Nº694, Ano 1851)  acha-se inconcluso. A grande maioria dos citados tinham e continuaram tendo propriedades em Bagé. Já a Dona Francisca e seu filho Vicente de Maia não costa terem tido áreas de terras em Bagé.
Por tanto deduzo que a Sesmaria foi perdida!  Porem fica claro que o Capitão Pedro Fagundes de Oliveira não tinha tantas terras como alguns alegam, nem seus campos chagavam à atual Vila de São Sebastião no Município de Dom Pedrito.  Pois incontestavelmente as sesmarias de José Antônio Alves, José Martins Coelho (Fazenda São Sebastião), Bento Corrêa da Câmara, Manoel Antônio Severo, Anacleto Francisco Goulart, Antônio Pinto Barreto, Manoel Marques de Souza (Fazenda da Palma), Ignácio Marques e o Rincão da Santa Tecla, cercavam e delimitavam as terras do Capitão Fagundes, terras esta que não chegava à Uma e Meia Sesmaria de Campo.  Isto sem incluir as terras de Manoel José Bittencourt e de Manoel Francisco.

Fonte de Pesquisa:
-NOGUEIRA Nerci;
Nos Primórdios de Bagé Anotações de Registros Históricos (1753 - 1870)
ARQV. PÚB. DO RGS;
Livro de Registros de Sesmarias.
Medição Nº694, Ano 1851 - Bagé
Medição Nº 332, Ano 1834 - Caçapava.
Inventário N°106, Ano 1880 - Pelotas.
ARQV. HISTÓRICO DO RGS.
Requerimentos de Sesmarias.