quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ESTÂNCIA DO PARAÍSO

     A Estância do Paraíso localiza-se no Distrito dos Olhos d'Água, entre os Arroios do Banhado Grande e do Tigre. A história desta Estância começa por volta do ano de 1780, como terras devolutas que o Brigadeiro Comandante do Continente de São Pedro reservou para invernada.
Nela viveram três ramos de famílias distintas:
     O primeiro foi a do Capitão Fernando Pereira Vieira, que requereu sua concessão como sesmaria, recebendo esta no ano de 1793. Fundando nestas terras a Fazenda São Fernando da Bocaina (Primeiro nome da Estância do Paraíso). Cujos limites eram: a Bocaina e os Arroios do Banhado Grande e Tigre. O Capitão Fernando era casado com Maria Branca Pereira, com quem teve os filhos: José, João, Josefa, Tereza, Custódia, Maria e Izabel.

     O segundo foi o Capitão João Gonçalves Rodrigues, que à arrematou em praça pública no ano de 1813, e requereu carta de sesmaria. Obtendo esta no ano de 1814. Sendo nesta época divididas em duas estâncias; a do Paraíso (nome dado por Angélica Gomes Jardim) e São João (Rincão dos Gomes) do Cabo Luiz Gomes Jardim. O Capitão Rodrigues era casado com Angélica Gomes Jardim, com quem teve os filhos: Maria, Manoel Gonçalves Rodrigues, Ritta, Senhorinha, Bernardina, João, Carlota, Frederico e José Gonçalves Rodrigues. O Cabo Luiz Gomes Jardim era casado com Maria Joaquina Rodrigues, com quem teve os filhos; Felisberto Gomes Jardim casado com Leocádia Clara Nogueira, Luiz Gomes Jardim (filho) e Luiza Gomes Nogueira casada com Albano Nogueira Picanço.
Estância do Paraíso antes de ano de 1913.
      O terceiro foi o Tenente Coronel Maragato Tomaz Mércio Pereira, que as comprou aos herdeiros do Capitão Rodrigues, durante e após a Revolução Federalista de 1893, e manteve o nome Paraíso. Tomaz Mércio Pereira (*1852/Bagé/+1916 Estância do Paraíso) era filho do Brigadeiro Camilo Mércio Pereira e de Ana dos Santos Jardim, casado com Cândida Olinda de Freitas (*1855/UY), Margarida Silva e outra que ainda não encontrei o nome. É pai de: Camilo de Freitas Mércio, Favorino de Freitas Mércio, Heitor de Freitas Mércio, Gratulino Mércio Pereira, Ana Mércio Pereira, Ernestina Silva Mércio, Ida (faleceu criança), Aniceto Silva Mércio e Maria Delfina Silva Mércio. Seu filho Favorino de Freitas Mércio (o Tata) herdou parte da Estancia do Paraíso onde ficava a sede desta Estância. Aos poucos foi comprando campos dos herdeiros da Fazenda São José, que pertencia aos Nogueiras Picanço. Nestes campos sua filha Margarida Bretas Mércio fundou a Estância Rincão do Tata.
Favorino de Freitas Mércio era Médico, casado com Margarida Bretas, pais de: Favorino Tomaz Bretas Mércio (mércinho), e Margarida Bretas Mércio.

Tomaz Mércio Pereira (*1852/+1916)

   Fonte de Consulta:
- Nos Primórdios de Bagé - Nerci Nogueira.
- APERS.
- Testamento nº 146, fl. 130v, Liv. 573 - Rio Pardo.
- Livros de Reg. de Sesmarias.
- Livros de Reg. de Compra e Venda de Imóveis - Bagé/RS.
- Famílias Primeiras de Bagé - Carlos Rheingantz.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O POSTO MISSIONEIRO GUARANI DE SANTA TECLA - BAGÉ

                                            BREVE HISTÓRICO
 Fundada a colônia do Santíssimo Sacramento em 1680 pelos portugueses, na margem esquerda do Rio da Prata. Estes trataram de comercializar o couro vacum, riqueza abundante nesta região. Para isso Cristóvão  Pereira de Abreu foi até a Vacaria do Mar, por volta do ano de 1714, ao encontro dos Índios Minuanos e firma com eles a compra de couros. Estes índios eram infiéis, não catequizados pelos Jesuítas,  por isso não obedeciam a ordens e nem limites, abatiam gado em qualquer lugar. Sabendo disto e notando o crescente abate de gado nos campos da Estância San Antonio el Nuevo, do Povo de São Miguel. Os padres jesuítas e os índios guaranis missioneiros criaram o Posto Santa Tecla, entre os anos de 1746 a 1753, com a finalidade de vigiar os campos nas nascentes dos rios; Negro, Santa Maria e Camaquã.

Mapa atual onde se localizava a Estância San Antonio el Nuevo e o seu Posto Santa Tecla.
                  AS PRIMEIRAS NOTICIAS DA EXISTÊNCIA DO POSTO SANTA TECLA
     Após caminhar dois meses, desde Castilhos Grandes, a Primeira Partida Demarcadora de Limites acampa nas nascentes do Rio Negro em 26 de fevereiro de 1753. Quando avistaram sobre uma lomba que estava a meia légua, uns ranchos e que neles haviam gentes. Decidiram mandar uma guarnição para se informar quem eram os que ali estavam. Veio até o acampamento um capataz e dois índios que disseram que os ranchos que eles estavam era o posto avançado denominado Santa Tecla, da Estância Santo Antônio do Povo de São Miguel.  perguntaram os comissario se tinha como mandar uma carta ao Cura da localidade, o que o capataz afirmou que em um dia entregaria ao Cura Dom Miguel de Herrera a dita carta. No dia seguinte após ter enviado a carta ao Cura, continuaram a marcha até os ranchos de Santa Tecla. Pela tarde deste dia, chegaram trinta índios armados perguntando pelo Capitão Francisco Bruno de Zavala, com o qual desejava falar o índio principal. Foi até eles o Capitão Zavala, sendo recebido com descortesia, e informado que eles tinha ordens do Padre Superior e do Cura para embargar o passo das Partidas, e que tinham oito mil índios armados para isso. No dia 28 deste mês chega ao acampamento o Cacique Principal e o Alcaide Maior do Povo de São Miguel, que confirmam a ordem e o seu comprimento. Os comissários que tinham nas Partidas mais de cem soldados armados, chegaram a cogitar atacar o povo de Santo Antônio o Novo que tinha mais de duzentas pessoas, porém desistiram por falta de apoio na imensa campanha.

     Em três de Abril de 1753 Luiz Garcia de Bivar, Governador da Colônia do Sacramento, escreve uma carta ao seu superior informando que a Primeira Partida Demarcadora do Tratado de Madri,  estando já a cem léguas distantes do Marco do Cerro dos Reis, chegando ao Posto de Santa Tecla, se lhes opôs um corpo de Índios armados, dizendo que os seus santos padres lhes aconselhavam defendessem as terras que eram suas, e que não largasse aos portugueses seus inimigos, e após puseram-se em ação de peleja. E que diante disto os comissários resolveram retroceder.
     As coroas luso/espanhola não reconheceram o direito que os indígenas tinham sobre as ditas terras. Em fevereiro do ano de 1756 concentram forças armadas na localidade de Sarandis (hoje nascentes do Arroio Banhado Grande em Bagé), e avançam rumo a São Miguel. No dia 10 de fevereiro do mesmo ano, massacram a pretensa e desorganizada força guarani, matando mais de dois mil índios. Derrotados e espavoridos dos indígenas abandonam  a Estância Santo Antônio o Novo e seu Posto Santa Tecla, que queimam e destroem antes do avanço das forças luso/espanhola.

     As Partidas Demarcadora de Limites voltaram ao Posto de Santa Tecla,em 1 de maio de 1758, quando encontraram todos os ranchos queimados, sendo possível localizar-lo por um marco de pedra que haviam colocado junto a parede da capela, quando ali estiveram em 1753. Em maio de 1759 o espanhol Dom José Echavarria  achou um erro na localização do Posto de Santa Tecla feito no ano de 1753. Dom João afirma que a latitude em que se encontrava em Câabuçú era 31º08' que ficava duas léguas ao norte de do Posto Santa Tecla, que ficava em 31º15'. Logo a localização dada em 1753 ao dito Posto, 31º21', estava errado em 6 minutos. A certa deveria ser 31º15'. O português José Custódio de Sá e Faria acrescentou que o Câabuçú onde estavam, ficava na nascente do Rio Ybicuhy Guaçû (Rio Sta. Maria). - Nota de esclarecimento: os Graus e Minutos dados não corresponde a realidade, pois na época existia varias medidas para uma légua e os instrumentos de medição eram muito imprecisos.
Localização do Posto
    Pesquisando diversas fontes, entre mapas e citações, todas imprecisas para localizar exatamente o ponto onde fica o já citado Posto. Passeia a formar um perímetro onde todas as informações das diversas fontes convergiam, cheguei nas coordenadas seguintes:  Ao norte; latitude 31º11'28.92 S. Ao sul; latitude 31º13'10.54 S. Ao leste; longitude 54º09'36.60 O. Ao oeste longitude 54º05'17.17 O. Por tanto estou convicto que em algum ponto dentro deste perímetro fica os Ranchos e a Capela do Posto também conhecido como Santa Tecla Vieja.

Fonte de consulta
VARELA Y ULLOA, JOSÉ
- Diário de la Primera Partida de la Demarcacion de Limites entre Espanha y Portugal en América. Tomo I e II. Pgs. 054,055, 063 e 100,
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO BRASIL,
- Diário da Expedição de Gomes Freire de Andrade as Missões do Uruguy.
ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO
- Demarcação do Sul do Brasil
ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO
- Documentos do Brasil
BLIBLIO ATLAS
- Diário Resumido do Dr José de Saldanha.
NOGUEIRA, Nerci
- Nos Primórdios de Bagé

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

NOS PRIMÓRDIOS DE ACEGUÁ

     Primordialmente o território do Município de Aceguá pertencia a Vacaria do Mar. Nele passava a Linha de Fronteira do Tratado de Madri (1750), que vinha de Castilhos pela Coxilha Grande e seguia pelo divisor de águas dos Rios Jaguarão e Negro, até a Bolena, onde dobrava em direção a Sta. Tecla.
     Com o Tratado de Santo Ildefonso (1777), esta Fronteira passou para as cabeceiras dos Rios Jaguarão e Negro, nas proximidades da Bolena. Ficando toda a atual área do Município dentro dos domínios da Espanha.
     A Guerra do ano de 1801 adiantou esta Fronteira para os cursos dos Rios Negro e Jaguarão Grande, ficando a margem direita do Rio Negro para Portugal e esquerda para a Espanha, já no Jaguarão Grande, esquerda para Portugal e direita para a Espanha.
     Com a independência do Uruguai o Aceguá passou a ser Terceiro Quarteirão do Departamento de Cerro Largo.
     Durante a Guerra contra "Rosas" (1851-1852) foi firmado um Tratado de Limites entre Brasil e Uruguai, dando mais ou menos os atuais Limites de Fronteira, cedendo com isso o território do atual Município que foi  incorporado ao Brasil com Distrito de Bagé.
     Não foram concedidas sesmarias e nem foi doadas terras pelo governo brasileiro. Foi respeitado o direito de posse e propriedade dado pelo governo uruguaio, pois a grande maioria eram brasileiros.
    Esta é a lista de alguns primeiros proprietários de terras neste Município.  
  • José Ferreira Gonçalves.
  • Maria Angélica dos Santos.
  • Salvador Ferreira Gonçalves.
  • Maria Lodovina Ramos.
  • Ritta Garcia de Oliveira.
  • Astrogildo Pereira da Costa - Barão do Aceguá.
  • Irineu Ferreira de Mello.
  • José Francisco Vaz - Major.
  • José Luiz Martins.
  • Ritta Maria de Jesus.
  • João Antônio Álvares.
  • Joaquina Carlota Alves.
  • Dionísia Antonia de Jesus.
  • Manoel do Couto Carneiro - Tenente.
  • João Batista da Silva.
  • José Mariano.
  • Domingos de Medina Martins.
  • Felisbina de Oliveira.
  • Francisca de Oliveira.
  • Domingos Alves dos Santos.
  • João Antônio Alves.
  • Josefa Carolina Alves.
  • Maria Lina Alves.
  • Anna Gertrudes Alves.
  • Antônio Carlos de Moraes - Capitão.
  • João Antônio Pereira Martins - Visconde do Cerro Azul.
  • Maria Joaquina Martins.
  • Ricardo Ferreira Bicca.
  • Emerciana Barreto Bicca.
  • João Pompílho Bueno.
  • Joana Ricarda Bicca.
Fonte de Consulta
NOGUEIRA, Nerci
- Nos Primórdios de Bagé
ARQUIVO PÚBLICO DO RGS
- Medições de campos - Bagé (Aceguá). 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

NOS PRIMÓRDIOS DE CANDIOTA

Primordialmente o território do Município de Candiota fazia parte da Vacaria do Mar. Nele passava as três primeiras Fronteiras do R.G. do Sul:  dos anos de 1750, 1777 e 1801. Seu território foi conquistado pelos portugueses na Guerra de 1801, quando atacaram e evacuaram a Guarda Espanhola de Santa Rosa, localizada nas nascentes do Arroio do Tigre (hoje Pacoá). Dai em diante foi distribuídas estas terras aos portugueses que viriam a ser os primeiros da terra, que entre outros são os que seguem: Anna Ludovina da Cunha, Anna Marques de Souza, Antônio da Costa Pereira (Capitão), Antônio Pinto da Costa (Capitão), Antônio Soares de Paiva (Capitão), Carlos Antônio Pereira do Lago (Capitão), Domingos Lopes de Carvalho, Flavia Domitila, Francisco das Chagas, Francisco Lucas de Oliveira (Furriel), Izabel Ignácia do Espírito Santo, João Teixeira de Mello, João Teixeira de Oliveira (Cabo de Esquadra), Joaquim Silvério de Souza Prates (Capitão), José de Aguiar Peixoto, José de Vargas, José Lucas de Oliveira (Alferes), José Rodrigues Barbosa (Tenente), Luiz Joaquim da Silva, Manoel Lucas, Manoel Xavier de Paiva (Tenente), Margarida Soares de Souza, Maria Antonia da Encarnação, Mathias Teixeira Nunes, Thomas Ferreira da Silva e Zeferina Joaquina Barbosa.
Quanto ao nome dado ao Arroio Candiota, êste não deriva de Manoel Rodrigues da Silva (Candiota), ao contrario êste adotou o nome "Candiota". Quanto ter sido dado por uns gregos a caminho da Argentina por volta do século XVIII,  é no mínimo duvidoso. Pois o nome de "Arroio Candiota" já existia antes do ano de 1800, como informa Antônio Pinto da Costa, na Medição de Campo no ano de 1802. Quando afirma que que Margarida Soares de Souza se achava de posse de uns campos na "Costa do Candiota" a mais de sete anos.
Fonte de Consulta
NOGUEIRA, Nerci
- Nos Primórdios de Bagé.
ARQUIVO PÚBLICO DO RGS.
- Medição Nº475/1802 - Rio Grande.