quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ESTÂNCIA DO PARAÍSO

     A Estância do Paraíso localiza-se no Distrito dos Olhos d'Água, entre os Arroios do Banhado Grande e do Tigre. A história desta Estância começa por volta do ano de 1780, como terras devolutas que o Brigadeiro Comandante do Continente de São Pedro reservou para invernada.
Nela viveram três ramos de famílias distintas:
     O primeiro foi a do Capitão Fernando Pereira Vieira, que requereu sua concessão como sesmaria, recebendo esta no ano de 1793. Fundando nestas terras a Fazenda São Fernando da Bocaina (Primeiro nome da Estância do Paraíso). Cujos limites eram: a Bocaina e os Arroios do Banhado Grande e Tigre. O Capitão Fernando era casado com Maria Branca Pereira, com quem teve os filhos: José, João, Josefa, Tereza, Custódia, Maria e Izabel.

     O segundo foi o Capitão João Gonçalves Rodrigues, que à arrematou em praça pública no ano de 1813, e requereu carta de sesmaria. Obtendo esta no ano de 1814. Sendo nesta época divididas em duas estâncias; a do Paraíso (nome dado por Angélica Gomes Jardim) e São João (Rincão dos Gomes) do Cabo Luiz Gomes Jardim. O Capitão Rodrigues era casado com Angélica Gomes Jardim, com quem teve os filhos: Maria, Manoel Gonçalves Rodrigues, Ritta, Senhorinha, Bernardina, João, Carlota, Frederico e José Gonçalves Rodrigues. O Cabo Luiz Gomes Jardim era casado com Maria Joaquina Rodrigues, com quem teve os filhos; Felisberto Gomes Jardim casado com Leocádia Clara Nogueira, Luiz Gomes Jardim (filho) e Luiza Gomes Nogueira casada com Albano Nogueira Picanço.
Estância do Paraíso antes de ano de 1913.
      O terceiro foi o Tenente Coronel Maragato Tomaz Mércio Pereira, que as comprou aos herdeiros do Capitão Rodrigues, durante e após a Revolução Federalista de 1893, e manteve o nome Paraíso. Tomaz Mércio Pereira (*1852/Bagé/+1916 Estância do Paraíso) era filho do Brigadeiro Camilo Mércio Pereira e de Ana dos Santos Jardim, casado com Cândida Olinda de Freitas (*1855/UY), Margarida Silva e outra que ainda não encontrei o nome. É pai de: Camilo de Freitas Mércio, Favorino de Freitas Mércio, Heitor de Freitas Mércio, Gratulino Mércio Pereira, Ana Mércio Pereira, Ernestina Silva Mércio, Ida (faleceu criança), Aniceto Silva Mércio e Maria Delfina Silva Mércio. Seu filho Favorino de Freitas Mércio (o Tata) herdou parte da Estancia do Paraíso onde ficava a sede desta Estância. Aos poucos foi comprando campos dos herdeiros da Fazenda São José, que pertencia aos Nogueiras Picanço. Nestes campos sua filha Margarida Bretas Mércio fundou a Estância Rincão do Tata.
Favorino de Freitas Mércio era Médico, casado com Margarida Bretas, pais de: Favorino Tomaz Bretas Mércio (mércinho), e Margarida Bretas Mércio.

Tomaz Mércio Pereira (*1852/+1916)

   Fonte de Consulta:
- Nos Primórdios de Bagé - Nerci Nogueira.
- APERS.
- Testamento nº 146, fl. 130v, Liv. 573 - Rio Pardo.
- Livros de Reg. de Sesmarias.
- Livros de Reg. de Compra e Venda de Imóveis - Bagé/RS.
- Famílias Primeiras de Bagé - Carlos Rheingantz.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O POSTO MISSIONEIRO GUARANI DE SANTA TECLA - BAGÉ

                                            BREVE HISTÓRICO
 Fundada a colônia do Santíssimo Sacramento em 1680 pelos portugueses, na margem esquerda do Rio da Prata. Estes trataram de comercializar o couro vacum, riqueza abundante nesta região. Para isso Cristóvão  Pereira de Abreu foi até a Vacaria do Mar, por volta do ano de 1714, ao encontro dos Índios Minuanos e firma com eles a compra de couros. Estes índios eram infiéis, não catequizados pelos Jesuítas,  por isso não obedeciam a ordens e nem limites, abatiam gado em qualquer lugar. Sabendo disto e notando o crescente abate de gado nos campos da Estância San Antonio el Nuevo, do Povo de São Miguel. Os padres jesuítas e os índios guaranis missioneiros criaram o Posto Santa Tecla, entre os anos de 1746 a 1753, com a finalidade de vigiar os campos nas nascentes dos rios; Negro, Santa Maria e Camaquã.

Mapa atual onde se localizava a Estância San Antonio el Nuevo e o seu Posto Santa Tecla.
                  AS PRIMEIRAS NOTICIAS DA EXISTÊNCIA DO POSTO SANTA TECLA
     Após caminhar dois meses, desde Castilhos Grandes, a Primeira Partida Demarcadora de Limites acampa nas nascentes do Rio Negro em 26 de fevereiro de 1753. Quando avistaram sobre uma lomba que estava a meia légua, uns ranchos e que neles haviam gentes. Decidiram mandar uma guarnição para se informar quem eram os que ali estavam. Veio até o acampamento um capataz e dois índios que disseram que os ranchos que eles estavam era o posto avançado denominado Santa Tecla, da Estância Santo Antônio do Povo de São Miguel.  perguntaram os comissario se tinha como mandar uma carta ao Cura da localidade, o que o capataz afirmou que em um dia entregaria ao Cura Dom Miguel de Herrera a dita carta. No dia seguinte após ter enviado a carta ao Cura, continuaram a marcha até os ranchos de Santa Tecla. Pela tarde deste dia, chegaram trinta índios armados perguntando pelo Capitão Francisco Bruno de Zavala, com o qual desejava falar o índio principal. Foi até eles o Capitão Zavala, sendo recebido com descortesia, e informado que eles tinha ordens do Padre Superior e do Cura para embargar o passo das Partidas, e que tinham oito mil índios armados para isso. No dia 28 deste mês chega ao acampamento o Cacique Principal e o Alcaide Maior do Povo de São Miguel, que confirmam a ordem e o seu comprimento. Os comissários que tinham nas Partidas mais de cem soldados armados, chegaram a cogitar atacar o povo de Santo Antônio o Novo que tinha mais de duzentas pessoas, porém desistiram por falta de apoio na imensa campanha.

     Em três de Abril de 1753 Luiz Garcia de Bivar, Governador da Colônia do Sacramento, escreve uma carta ao seu superior informando que a Primeira Partida Demarcadora do Tratado de Madri,  estando já a cem léguas distantes do Marco do Cerro dos Reis, chegando ao Posto de Santa Tecla, se lhes opôs um corpo de Índios armados, dizendo que os seus santos padres lhes aconselhavam defendessem as terras que eram suas, e que não largasse aos portugueses seus inimigos, e após puseram-se em ação de peleja. E que diante disto os comissários resolveram retroceder.
     As coroas luso/espanhola não reconheceram o direito que os indígenas tinham sobre as ditas terras. Em fevereiro do ano de 1756 concentram forças armadas na localidade de Sarandis (hoje nascentes do Arroio Banhado Grande em Bagé), e avançam rumo a São Miguel. No dia 10 de fevereiro do mesmo ano, massacram a pretensa e desorganizada força guarani, matando mais de dois mil índios. Derrotados e espavoridos dos indígenas abandonam  a Estância Santo Antônio o Novo e seu Posto Santa Tecla, que queimam e destroem antes do avanço das forças luso/espanhola.

     As Partidas Demarcadora de Limites voltaram ao Posto de Santa Tecla,em 1 de maio de 1758, quando encontraram todos os ranchos queimados, sendo possível localizar-lo por um marco de pedra que haviam colocado junto a parede da capela, quando ali estiveram em 1753. Em maio de 1759 o espanhol Dom José Echavarria  achou um erro na localização do Posto de Santa Tecla feito no ano de 1753. Dom João afirma que a latitude em que se encontrava em Câabuçú era 31º08' que ficava duas léguas ao norte de do Posto Santa Tecla, que ficava em 31º15'. Logo a localização dada em 1753 ao dito Posto, 31º21', estava errado em 6 minutos. A certa deveria ser 31º15'. O português José Custódio de Sá e Faria acrescentou que o Câabuçú onde estavam, ficava na nascente do Rio Ybicuhy Guaçû (Rio Sta. Maria). - Nota de esclarecimento: os Graus e Minutos dados não corresponde a realidade, pois na época existia varias medidas para uma légua e os instrumentos de medição eram muito imprecisos.
Localização do Posto
    Pesquisando diversas fontes, entre mapas e citações, todas imprecisas para localizar exatamente o ponto onde fica o já citado Posto. Passeia a formar um perímetro onde todas as informações das diversas fontes convergiam, cheguei nas coordenadas seguintes:  Ao norte; latitude 31º11'28.92 S. Ao sul; latitude 31º13'10.54 S. Ao leste; longitude 54º09'36.60 O. Ao oeste longitude 54º05'17.17 O. Por tanto estou convicto que em algum ponto dentro deste perímetro fica os Ranchos e a Capela do Posto também conhecido como Santa Tecla Vieja.

Fonte de consulta
VARELA Y ULLOA, JOSÉ
- Diário de la Primera Partida de la Demarcacion de Limites entre Espanha y Portugal en América. Tomo I e II. Pgs. 054,055, 063 e 100,
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO BRASIL,
- Diário da Expedição de Gomes Freire de Andrade as Missões do Uruguy.
ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO
- Demarcação do Sul do Brasil
ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO
- Documentos do Brasil
BLIBLIO ATLAS
- Diário Resumido do Dr José de Saldanha.
NOGUEIRA, Nerci
- Nos Primórdios de Bagé

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

NOS PRIMÓRDIOS DE ACEGUÁ

     Primordialmente o território do Município de Aceguá pertencia a Vacaria do Mar. Nele passava a Linha de Fronteira do Tratado de Madri (1750), que vinha de Castilhos pela Coxilha Grande e seguia pelo divisor de águas dos Rios Jaguarão e Negro, até a Bolena, onde dobrava em direção a Sta. Tecla.
     Com o Tratado de Santo Ildefonso (1777), esta Fronteira passou para as cabeceiras dos Rios Jaguarão e Negro, nas proximidades da Bolena. Ficando toda a atual área do Município dentro dos domínios da Espanha.
     A Guerra do ano de 1801 adiantou esta Fronteira para os cursos dos Rios Negro e Jaguarão Grande, ficando a margem direita do Rio Negro para Portugal e esquerda para a Espanha, já no Jaguarão Grande, esquerda para Portugal e direita para a Espanha.
     Com a independência do Uruguai o Aceguá passou a ser Terceiro Quarteirão do Departamento de Cerro Largo.
     Durante a Guerra contra "Rosas" (1851-1852) foi firmado um Tratado de Limites entre Brasil e Uruguai, dando mais ou menos os atuais Limites de Fronteira, cedendo com isso o território do atual Município que foi  incorporado ao Brasil com Distrito de Bagé.
     Não foram concedidas sesmarias e nem foi doadas terras pelo governo brasileiro. Foi respeitado o direito de posse e propriedade dado pelo governo uruguaio, pois a grande maioria eram brasileiros.
    Esta é a lista de alguns primeiros proprietários de terras neste Município.  
  • José Ferreira Gonçalves.
  • Maria Angélica dos Santos.
  • Salvador Ferreira Gonçalves.
  • Maria Lodovina Ramos.
  • Ritta Garcia de Oliveira.
  • Astrogildo Pereira da Costa - Barão do Aceguá.
  • Irineu Ferreira de Mello.
  • José Francisco Vaz - Major.
  • José Luiz Martins.
  • Ritta Maria de Jesus.
  • João Antônio Álvares.
  • Joaquina Carlota Alves.
  • Dionísia Antonia de Jesus.
  • Manoel do Couto Carneiro - Tenente.
  • João Batista da Silva.
  • José Mariano.
  • Domingos de Medina Martins.
  • Felisbina de Oliveira.
  • Francisca de Oliveira.
  • Domingos Alves dos Santos.
  • João Antônio Alves.
  • Josefa Carolina Alves.
  • Maria Lina Alves.
  • Anna Gertrudes Alves.
  • Antônio Carlos de Moraes - Capitão.
  • João Antônio Pereira Martins - Visconde do Cerro Azul.
  • Maria Joaquina Martins.
  • Ricardo Ferreira Bicca.
  • Emerciana Barreto Bicca.
  • João Pompílho Bueno.
  • Joana Ricarda Bicca.
Fonte de Consulta
NOGUEIRA, Nerci
- Nos Primórdios de Bagé
ARQUIVO PÚBLICO DO RGS
- Medições de campos - Bagé (Aceguá). 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

NOS PRIMÓRDIOS DE CANDIOTA

Primordialmente o território do Município de Candiota fazia parte da Vacaria do Mar. Nele passava as três primeiras Fronteiras do R.G. do Sul:  dos anos de 1750, 1777 e 1801. Seu território foi conquistado pelos portugueses na Guerra de 1801, quando atacaram e evacuaram a Guarda Espanhola de Santa Rosa, localizada nas nascentes do Arroio do Tigre (hoje Pacoá). Dai em diante foi distribuídas estas terras aos portugueses que viriam a ser os primeiros da terra, que entre outros são os que seguem: Anna Ludovina da Cunha, Anna Marques de Souza, Antônio da Costa Pereira (Capitão), Antônio Pinto da Costa (Capitão), Antônio Soares de Paiva (Capitão), Carlos Antônio Pereira do Lago (Capitão), Domingos Lopes de Carvalho, Flavia Domitila, Francisco das Chagas, Francisco Lucas de Oliveira (Furriel), Izabel Ignácia do Espírito Santo, João Teixeira de Mello, João Teixeira de Oliveira (Cabo de Esquadra), Joaquim Silvério de Souza Prates (Capitão), José de Aguiar Peixoto, José de Vargas, José Lucas de Oliveira (Alferes), José Rodrigues Barbosa (Tenente), Luiz Joaquim da Silva, Manoel Lucas, Manoel Xavier de Paiva (Tenente), Margarida Soares de Souza, Maria Antonia da Encarnação, Mathias Teixeira Nunes, Thomas Ferreira da Silva e Zeferina Joaquina Barbosa.
Quanto ao nome dado ao Arroio Candiota, êste não deriva de Manoel Rodrigues da Silva (Candiota), ao contrario êste adotou o nome "Candiota". Quanto ter sido dado por uns gregos a caminho da Argentina por volta do século XVIII,  é no mínimo duvidoso. Pois o nome de "Arroio Candiota" já existia antes do ano de 1800, como informa Antônio Pinto da Costa, na Medição de Campo no ano de 1802. Quando afirma que que Margarida Soares de Souza se achava de posse de uns campos na "Costa do Candiota" a mais de sete anos.
Fonte de Consulta
NOGUEIRA, Nerci
- Nos Primórdios de Bagé.
ARQUIVO PÚBLICO DO RGS.
- Medição Nº475/1802 - Rio Grande.

sábado, 1 de outubro de 2011

A Sesmaria Perdida

Perderam uma sesmaria de campo em Bagé! E olha que esta sesmaria media 6,6 Km de largura e 19,8 Km de cumprido. Seu primeiro dono (no papel) era Luiz Manoel de Souza.  Esta história é assim:
No ano de 1789 começou a ser distribuídas sesmarias de terras em parte da área do que viria a ser o Distrito de São Sebastião, nesta época Fronteira de Rio Pardo.
Com a Guerra do ano de 1801, foram anexadas grandes áreas de terras ao Continente de São Pedro (RGS). Com isso a área territorial do já citado futuro Distrito, teve um aumento significativo, e nova leva de posseiros instalou-se nestas terras.
Os posseiros após esperar o tempo hábil, começaram a requerer Carta de Sesmaria, entre outros estava Luiz Manoel de Souza.
Durante a tramitação dos documentos, acampa nas proximidades do Cerro de Bagé, um Exército ao mando de Dom Diogo de Souza, o que veio a dar agilidade na tramitação dos já citados documentos. Luiz Manoel de Souza recebe então sua Carta de Sesmaria em 1814, concedida que foi por Dom Diogo. A sesmaria se localizava nas Sobras de Campos pertencentes a Pedro Fagundes de Oliveira e a Viúva de Ignácio Marques, na Fronteira de Rio Pardo. Tinha a extensão de Uma Légua de frente por Três Léguas de fundos.
Luiz Manoel de Souza vendeu esta Sesmaria para Félix de Sá Souto Maior, por volta do ano de 1830. Félix então requereu junto á justiça de Piratini a exacta localização e medição desta Sesmaria. Sabendo disto o Capitão Antônio Pinto Barreto requereu em 1830, junto á justiça de Caçapava, a medição dos campos comprados de Manoel Marques de Souza que havia sido medidos e demarcados no ano de 1815, por esta justiça. Temia o Capitão que seus campos fossem incluídos na dita Sesmaria.
Falecendo Félix de Sá Souto Maior a sua esposa, Dona Cândida Francisca de Lima e seu filho Vicente José de Maia requereram junto a justiça de São Sebastião de Bagé em 1851, a localização e medição da já citada Sesmaria. Contra os herdeiros de Pedro Fagundes de Oliveira e Ignácio Marques. neste processo foram citados os possuidores, nesta época, das terras de Pedro Fagundes e Ignácio Marques:  Antônio da Rosa, Evaristo Rodrigues, Francisca dos Santos, Francisco Malaquias de Borba, Inocêncio da Rosa, Jacintho de Oliveira, Jerônimo Silveira, Joaquim José de França, José Antônio de Oliveira, Luiz Vaz, Manoel Barboza, Manoel Corrêa Barboza, Manoel da Rosa, Manoel Martins, Militão Teixeira, Serafim Dantas, Serafim Pereira Machado, Simão Barboza do Prado, Viúvas Matildes e Anna Helena Corrêa de Borba e as Viúvas de João Baptista Machado e de Refael Teixeira Muniz.
Este Processo (Nº694, Ano 1851)  acha-se inconcluso. A grande maioria dos citados tinham e continuaram tendo propriedades em Bagé. Já a Dona Francisca e seu filho Vicente de Maia não costa terem tido áreas de terras em Bagé.
Por tanto deduzo que a Sesmaria foi perdida!  Porem fica claro que o Capitão Pedro Fagundes de Oliveira não tinha tantas terras como alguns alegam, nem seus campos chagavam à atual Vila de São Sebastião no Município de Dom Pedrito.  Pois incontestavelmente as sesmarias de José Antônio Alves, José Martins Coelho (Fazenda São Sebastião), Bento Corrêa da Câmara, Manoel Antônio Severo, Anacleto Francisco Goulart, Antônio Pinto Barreto, Manoel Marques de Souza (Fazenda da Palma), Ignácio Marques e o Rincão da Santa Tecla, cercavam e delimitavam as terras do Capitão Fagundes, terras esta que não chegava à Uma e Meia Sesmaria de Campo.  Isto sem incluir as terras de Manoel José Bittencourt e de Manoel Francisco.

Fonte de Pesquisa:
-NOGUEIRA Nerci;
Nos Primórdios de Bagé Anotações de Registros Históricos (1753 - 1870)
ARQV. PÚB. DO RGS;
Livro de Registros de Sesmarias.
Medição Nº694, Ano 1851 - Bagé
Medição Nº 332, Ano 1834 - Caçapava.
Inventário N°106, Ano 1880 - Pelotas.
ARQV. HISTÓRICO DO RGS.
Requerimentos de Sesmarias.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Manoel Marques de Souza – O Alferes

     O Alferes Manuel Marques de Souza que tinha estância em Bagé. Não é o mesmo que teria morrido envenenado em Montevidéu no posto de Brigadeiro. Sobre este Manoel o "Alferes de Bagé" existem muitas confusões genealógicas, onde aparece com outros acendentes. Para elucidar esta minha duvida, montei esta reconstituição de sua  biografia, onde notamos contradições insuperáveis, como veremos a seguir:
  1. Segundo seu comandante Domingos Nunes, em atestado de 20 de Abril de 1804. Informa que o Furriel Manuel Marques de Souza é agregado da sua Companhia onde serviu durante toda a Guerra. Fazendo todo o serviço de campo, como patrulha e bombeiro (vigias). Por isso em 1803, foi conservado na ocupação de vigiar os campos. E que o mesmo é pobre, foi casado e tem numerosa família e que nunca teve graça alguma de terreno.
  2. Já Pedro Fagundes de Oliveira, então Comandante da Guarda de São Sebastião. Certifica em 30 Março de 1807, que a oito ou nove anos o Furriel Manuel Marques de Souza, deixou de ter o emprego de administrador da fazenda do Capitão Domingos Francisco de Araújo, e que ficou sem donde manter sua família. Tendo ele comiseração do referido Manuel Marques de Souza, lhe destinou que fosse viver em seus campos, onde há um rincão em que se acha levantado o primeiro marco Português da passada demarcação de Limites.
  3. Em 20 de Abril de 1812, o agora Alferes Manuel Marques de Souza é Comandante da Guarda do Pirahy. que havia confiscado animais para as forças de Sua Majestade acampadas nos Cerros de Bagé.
  4. Em 10 de Abril de 1815 a requerimento do Alferes Manuel Marques de Souza, é medido e demarcado judicialmente, pelo juízo de Rio Pardo, os campos em que está ele de posse (na mesma localidade destinada por Pedro Fagundes).
  5. Em 18 de Dezembro de 1830, o Alferes Manuel Marques de Souza e sua segunda mulher Dna. Brígida Pedroza de Oliveira, venderam partes destes campos ao Capitão Antônio Pinto Barreto, denominados da Estância da Palma.
  6. Em 4 de Fevereiro de 1833 o dito casal, ratificaram a escritura pública com forme o contrato particular de venda, assinado em 1830.
  7. O Alferes faleceu em 19 de Agosto de 1843, Sendo inventariado junto com a sua segunda esposa Dna. Brígida Pedroza de Oliveira, sendo inventariante Domingos Marques de Souza. O inventario foi pedido em 1848 e foi concluído em 1853, no 1º Cartório de Órfãos e Ausentes de Bagé. 
  8. Logo deduzo e afirmo que Alferes Manoel Marques de Souza nunca morou fora de Bagé, logo é lógico não pode ser nem um destes outros.
  9.  Em longa e difícil pesquisa, cheguei ao Livro de Registro de Batismo da localidade de Estreito/RS. Onde achei no dia 06/10/1766 o registro do filho de Francisco de Souza Soares (Filho) e de Anna Alexandra Fernandes de nome; "Manoel". Tendo como padrinho o Tenente Manoel Marques de Souza (I). O que condiz com outras informações e também que o Manoel Marques de Souza (I) batizou os outros filhos do Francisco de Souza Soares, os de nome; José e Joaquina.
  10. Também ajuda a explicar um dos motivos pelo qual o então Brigadeiro Manoel Marques de Souza veio acampar nos Serros de Bagé  em 1811, pois aqui morava seu afiliado.
                     Do Inventário concluído no ano de 1853 no 1º Cartório de Órfãos e Ausentes de Bagé, constam os seguintes descendentes;
           Do Primeiro Matrimonio (com Maria Bernarda Bueno de Araújo)
1- Ignácia Marques de Souza – 56 anos, viúva de Salvador dos Santos Jardim, casou em segundas núpcias com José Rodrigues de Saibro.
2 – Domingos Marques de Souza – 52 anos, casado.
3 – Felício Marques de Souza – falecido, casado que foi com Joana Vidal, que no presente se acha casada com João Rita, e lhe deu filhos seguintes:
  • Maria do Carmo Marques – viúva que é do Ten. Joaquim Francisco de Quadros, casada segunda vez com o Ten. Fernando Riet.
  • Maria Zeferina – casada com José (….).
  • Felício – solteiro com a idade de 18 anos.
  • Paulino – solteiro com a idade de 12 anos. 
          4 - Vasco Marques de Souza - Casado, 50 anos. 
                Do Segundo Matrimonio ( Brígida Pedroza de Oliveira)
          5 - José Marques de Souza - Casado, 42 anos.
          6 – Laurinda Marques de Souza – viúva, 39 anos. 
          7 – Joaquina Marques de Souza – 33 anos, casada com Alberto da Costa.
          8 – Antônio Marques de Souza – casado 36 anos.
          9 – Zeferina Marques de Souza – casada com Bernardo Correia da Silva.
        10 – Manuel Marques de Souza – solteiro 25 anos (nascido por tanto em 1823) (mais tarde casou com Francisca Fagundes com quem teve a filha Etelvina Marques de Souza c/c Anacleto Eugênio Goulart).
        11 – Anacleto Marques de Souza – 22 anos, do 2º Reg.. de Cav.. Ligeira.
        12 – Carlota Marques de Souza – já falecida casada que foi com Silvério    Francisco Goulart de quem deixou os seguintes filhos:
  • Libinda – casada com Sereno (…)
  • Nancito Goulart (vulgo Aniceto).
  • Anacleto Goulart – solteiro, 11 anos.
  • Joaquim Goulart – solteiro, 10 anos.
  • Theodora Goulart – solteira, 9 anos.
Filhos naturais de Brígida Pedroza de Oliveira
    • Elleutério – 50 anos, ausente.
    • Anna de Sequeira – casada com Joaquim Demétrio.
    • Guilhermina – casada com José Antônio de Medeiros.
Bens de Raiz
    • Uma légua de campo entre dois Galhos do Pirahy (Estância da Palma).
    • Uma sesmaria de campo em São Luiz (Arroio São Luiz).
 Manoel Marques de Souza (I) *1743/+1822 sendo pai do Manoel Marques de Souza (II) e padrinho do Alferes Manoel Marques de Souza.
 Manuel Marque de Souza (II), segundo diversas fontes, faleceu no ano de 1824 em Montevidéu e
 seu filho o Conde de Porto Alegre, Manuel Marques de Souza (III), nasceu em 13 de Junho de 1805.
     Por tanto o nosso Alferes é o Manuel Marque de Souza (IV), pai do Manuel Marque de Souza (V) se não houver outros Manuéis Marques de Souza.

Fonte de pesquisa:
 - NOGUEIRA, Nerci - Nos Primórdios de Bagé, Anotações de Registros Históricos (1753 - 1870).
 - Inventário Nº101/Ano 1853/ Bagé - Arqv.Púb.do Estado do Rio Grande do Sul.
 - Processo de Medição de Campo Nº 332/Ano 1834/ Caçapava -Arqv.Púb. do Estado do Rio Grande do Sul.
 - Cúria Metropolitana/Porto Alegre.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A PRIMEIRA BAGEENSE



        ANNA FLORISBELA DA SILVA, nascida na Guarda de São Sebastião (hoje Guardinha), em 27 de setembro de 1806, filha do Alferes José Jacintho Pereira e de Genoveva Maria de Bittencourt.
É muito provável que Anna seja a primeira pessoa natural do Território do Município de Bagé, pelo menos é a primeira referencia registrada.
Casada com o Alferes Rogério da Rosa Garcia, ela teve os seguintes filhos:
- Genoveva da Rosa e Silva - Viúva em 1870, de José Alano da Silva.
- Rogério da Rosa Garcia Júnior.
- José da Rosa Garcia.
- Pedro da Rosa Garcia.
- Felisbina da Rosa Jacintho - c/c Antônio Jacintho Pereira Júnior.
- Maria da Rosa Crespo - c/c José da Silva Crespo Candiota.
- Jeronimo da Rosa Garcia.
- Cândida da Rosa Garcia.
- Gertrudes da Rosa Ribeiro - c/c Henrique da Cunha Ribeiro.
- Anna da Rosa Soares - c/c Antônio Rodrigues Soares.
- Maria Senhorinha da Rosa e Silva - solteira com 22 anos.
Anna Florisbela morava na Rua Santa Barbara, em Bagé, onde faleceu em 27 de agôsto de 1869, sendo seu Marido o Inventariante. Entre os bens relacionados neste Inventário consta: 4 750 220 Braças Quadradas de campo na Fazenda Santa Maria, do falecido José da Rosa Garcia (este não é o filho da Anna); uma Estância no Estado Oriental e uma Casa na Praça da Matriz em Dom Pedrito.

Referências:
- Compilação avulsa do Genealogista Carlos Rheingantz, denominada Famílias Primeiras de Bagé, Titulo Jacinto - Acervo do Museu Dom Diogo de Souza.
- Inventário de Anna Florisbela da Silva - Arquivo Público do RGS.
- Colégio Brasileiro de Genealogia - Descendência de André Jacinto, 1.8.11.
- Nogueira, Nerci - Nos Primórdios de Bagé - Anotações de Registros Históricos (1753 - 1870)

terça-feira, 17 de maio de 2011

A NOBREZA BAGEENSE

A coroa que ostenta o Brasão de Bagé já indica tratar-se de realeza. Para nós a "Rainha da Fronteira". Mas não é só isto, também tivemos Barões, Viscondes e Marquês. Todos não são naturais de Bagé, porem todos tem alguma relação com o nosso Município. São estâncieiros, sesmeiro ou tiveram matrimonio em Bagé.

BARÃO DE BAGÉ  - Paulo José da Silva Gama (pai), primeiro barão de Bagé. Recebeu em pagamento de serviços prestados a Coroa Portuguesa, os Rincões de Santa Tecla e Cavalhada.
                                  - Paulo José da Silva Gama (filho), segundo barão de Bagé. Recebeu junto com os irmãos os Rincões de Santa Tecla e Cavalhada como herança paterna.

VISCONDE DO CERRO ALEGRE - João da Silva Tavares, primeiro e único barão e visconde de Cerro Alegre. Comprou a sesmaria que primordialmente pertencia a Serafim da Costa Santos, e fundou a grande Estância do Cerro Alegre.

BARÃO DE SANTA TECLA - Joaquim da Silva Tavares, primeiro e único barão de Santa Tecla. filho do Visconde do Cerro Alegre, recebeu junto com os irmãos a Estância do Cerro Alegre.

BARÃO DE ITAQUI - João Nunes da Silva Tavares, primeiro e único barão de Itaqui (titulo recusado pouco antes da proclamação da República), filho do Visconde de Cerro Alegre, também recebeu parte da Estância do Cerro Alegre.

BARÃO DE ACEGUA - Astrogildo Pereira da Costa, primeiro e único barão de Acegua. Estâncieiro no antigo Distrito de Acegua.

BARÃO DE CANDIOTA - Luiz Gonçalves das Chagas, primeiro e único barão de Candiota. Grande estâncieiro no antigo Distrito de Candiota e participou da Batalha do Seival  como farroupilha.


BARÃO DO ITAPEVI - Émile Louis Mallet, primeiro e único barão do Itapevi. Serviu ao Exército Brasileiro em Bagé como Tenente e Capitão, Casou com uma Bageense e foi oleiro em sua chácara no Quebracho.

MARQUÊS DO HERVAL - Manuel Luíz Osório, primeiro e único barão, visconde e marquês do Herval. Serviu como Tenente no 2º Corpo de Cavalaria, na então Vila de Bagé. Casou com uma Bageense.

VISCONDE RIBEIRO MAGALHÃES - Antônio Nunes Ribeiro Magalhães, visconde português.Dono e fundador da Charqueada de Santa Tereza e grande estãncieiro.

VISCONDE DO SERRO AZUL - João Antônio Pereira Martins, o titulo de visconde de serro azul é acusado de título falso pelo Genealogista Carlos Rheingantz, que pesquisou e aponta várias evidências de falsidade. 
Fonte de Consulta
NOGUEIRA, Nerci
Nos Primórdios de Bagé - Anotações de Registros Históricos (1753 - 1870)
Registro de Nobreza e Fidalguia do Império do Brasil.
Wikipédia, a enciclopédia livre
A Nobreza Portuguesa. 
Barão de Sta, Tecla
Visconde do Serro Azul
Visconde do Cerro Alegre
http://www.webartigos.com/

segunda-feira, 11 de abril de 2011

DANDO UMAS VOLTAS


O autor em vôo solo.

Algumas Palavras do Dicionário Gaúcho

Auto
Termo corrente para designar o automóvel.
Beca
Roupa boa ou nova.
Bochincho
Termo de origem campeira, com forma anterior em bochinche. Designa confusão, briga, também era modo de designar o baile popular, onde ocorrem brigas.
Bragueta
Abertura da calça ou da cueca.
Carpim
A meia Masculina ou a meia curta em geral.
Chamar na Chincha
Quando a gente chama a atenção de alguém, no sentido de alertar ou de deixar clara a responsabilidade do sujeito em relação a certo fato.
Chispar
Sair imediatamente.
Churrio
Nome mais ou menos elegante de caganeira, da diarréia, derivada do espanhol "chorrillo".

quinta-feira, 10 de março de 2011

Bolena ou Boleno

Essa localidade conhecida como Bolena, também foi conhecida como: Cabeceiras do Rio Negro, Coxilha que ia para Santa Tecla, Coxilha de Santo Antônio e Coxilha de São Sebastião. Nesta localidade por volta do ano de 1780, o Capitão João Manuel Boleno então Comandante da Guarda Portuguesa de Santo Antônio, tomou posse de um campo devoluto que ficava na circunvizinhança desta Guarda. Este campo localizava-se nas Cabeceiras do Jaguarão e Galhos do Rio Negro, dividia-se pelo norte com a Estrada Real que vai para a Guarda de São Sebastião (Estrada do Pântano Grande), pelo noroeste com Vitoriano Ferreira de Almeida e pelo sul com as Divisas Espanholas (  Galho do Rio Negro).
Boleno vendeu estes campos a José Gonçalves da Silveira Calheca, que requereu e obteve Carta de Sesmaria no ano de 1817.
No ano de 1848, as filhas de Calheca: Maria de Sant'ana casada com Manuel José Rodrigues Valladares, Senhorinha da Silveira e Umbelina Maria. Mandaram medir este Campo que chamavam de Figueira, na localidade da Bolena Distrito de São Sebastião de Bagé.
Por tanto Bolena já tinha este nome desde 1848, e nela não tinha nem um comércio como dizem ter sido a origem deste nome.
Também não havia outro proprietário com este nome, sendo seu vizinho ao norte a Sesmaria (campos do Bom Sucesso) de Luiz Antônio D'Oliveira, vendida ao Capitão José de Aguiar Peixoto, que revendeu ao Calheca.
Bolena ou Boleno ?  - Eu fico com "Boleno", mas sempre vou chamar de "Bolena"  em respeito aos seus mais de 163 anos.