quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Os Campos do "Sotero"

     Sotero Correa de Moraes é um dos primeiros povoadores de Aceguá. Ali se estabeleceu por volta do ano de 1790, quando esta região ainda pertencia ao Vice-Reino do Prata. Seus campos se localizavam abaixo do Passo do Valente, margem esquerda do Rio Negro, entre o Banhado do Seival (antigo nome do Banhado dos Gabriéis) e o dito Rio Negro. Confrontava-se pelo norte e oeste com o Rio Negro, pelo sul com o Banhado do Seival (Gabriéis) e pelo leste com a Sucessão de Felisbina Francisca de Oliveira.
     Após o falecimento do Sotero Correa de Moraes, seus herdeiros venderam estes campos a Gabriel Rodrigues Nunes, nos anos de 1855 e 1859. Falecendo Gabriel, sua esposa Dona Belizária Vaz Nunes registrou e incorporou estes campos a parte de campo herdada de seu pai Leonardo José Vaz, formando sua Estância. Já no ano de 1895 os herdeiros de Belizária Vaz Nunes demarcaram e dividiram entre si estes mencionados Campos.

     Sotero Correa de Moraes era casado com Clara Barbosa de Camargo com que teve os filhos:
- João Sotero de Moraes.
- Maria Benedita de Moraes c/c Agostinho da Conceição Souza.
- João Antônio de Moraes.
- Alexandra Correa de Moraes c/c Sezefredo Suede de Camargo.
- Máximo Sotero de Moraes c/c Libânia Maria de Moraes.
- Manoel Sotero de Moraes.
- Antônio Correa de Moraes c/c Maria Angélica de Moraes.
- Domingos Correa de Moraes.
Existiram três ramos da "Família Moraes" na região de Aceguá, porém sem relação de parentesco imediata, tanto ascendente como descendente. São eles; os "Carlos de Moraes", os "Correa de Moraes" e os "Xavier de Moraes".
                                                       MAPA DOS CAMPOS DO SOTERO
      Gabriel Rodrigues Nunes era casado com a filha de Leonardo José Vaz, Dona Belizária Vaz Martins, com quem teve os seguintes filhos:
- Antônio Rodrigues Nunes.
- Boaventura Rodrigues Nunes.
- Januário Rodrigues Nunes c/c Juliana Rodrigues.
- Belizário Rodrigues Nunes c/c Joaquina Barcellos Nunes.
- Manoel Rodrigues Nunes c/c Anna Feliciana.
- Carolina Rodrigues Nunes c/c Francisco Silveira da Luz.
- Anna Júlia Rodrigues Nunes c/c Manoel Francisco Vaz.
- Jovita Rodrigues Nunes c/c Raymundo Raphael d'Ávila.
- Aníbal Rodrigues Nunes.
- Gabriel Rodrigues Nunes (filho)

FONTES DE PESQUISAS
Medição 768/1896 - Bagé, APERS
Nerci Nogueira - Arqv. Pessoal. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

PORQUE AS ORIGENS DE BAGÉ NÃO ESTÃO EM DOM PEDRITO

        Pretendo demostrar com fatos e indícios que a origem do Primeiro Núcleo Populacional de Bagé não foi a atual Vila de São Sebastião, também conhecida como Torquato Severo e Coxilha de São Sebastião, no Município de Dom Pedrito. Mas sim na localidade conhecida como Guarda Velha, onde existe um Cemitério com o mesmo nome. E para tanto enumero os fatos e indícios a seguir:
  1. Não procedem as afirmações de alguns Autores de que a Guarda das Pedras seria o embrião da Guarda de São Sebastião e se localizaria onde hoje é a já citada Vila. pois esta Guarda das Pedras se localizava em Caçapava, junto ao Passo dos Enforcados. Como confirma as cartas de sesmarias de João Carneiro de Azevedo (ano 1790) e Antônio José de Almeida Bastos (ano 1802),  dois sesmeiros na localidade da já citada Guarda das Pedras.
  2. Também não é crível que Rafael Pinto Bandeira tenha acampado nesta localidade durante o cerco do Forte Santa Tecla, pois a já citada Vila fica a mais de 20 km do Forte, ainda mais considerando que os meios de transportes eram os cavalos e as carretas puxadas por bois.
  3. Também não procede a afirmação de que Pedro Fagundes de Oliveira tenha comandado alguma guarda na localidade desta Vila, até o ano de 1801. pois esta localidade pertencia à Espanha, cuja linha de limites era a estrada que seguia para as nascentes do Jaguary. Como confirma o Alferes Manoel Marques de Souza em seu requerimento de carta de sesmaria  (ano 1802).
  4. Também não é crível que Patrício Correia da Câmara, comandante da força armada que tomou esta região no ano de 1801, avançando os limites de fronteira para as costas dos Rios Negro e Santa Maria. Tenha "recuado" a Guarda (original) de São Sebastião para mais de 20 km da costa do Rio Negro, onde devia vigiar. Em vês de avançar, como fez com a Guarda de São Francisco. Também é no mínimo estranho coloca-la na área da já citada Guarda de São Francisco, que devia vigiar as costas do Santa Maria. Como relata a Carta de Patrício, datada de fevereiro de 1802, descrevendo as atribuições destas Guardas.
  5. Também não procede ser ali a original Coxilha de São Sebastião, mas sim a Coxilha do Andaluz, também chamada de Rodeio Colorado e Boqueirão do Santa Maria. Como informa as cartas de sesmarias de Manoel Antônio Severo (ano 1816) e Salvador dos Santos Jardim (ano 1814), sesmeiros desta localidade.
  6. A verdadeira e original Coxilha de São Sebastião faz parte da Serra de Santa Tecla, ao norte desta, seus campos faziam parte da Sesmaria de Pedro Fagundes de Oliveira e das Fazendas São Sebastião e São José, a primeira de José Martins Coelho e a segunda de José Antônio Alves. Conforme as Cartas de Sesmarias e Título de Compra destes três proprietários.
  7. Também não procede que os campos de Pedro Fagundes de Oliveira abrangiam o local da Vila e que destes campos teriam transladado a imagem de São Sebastião. Provam que seus campos não atingiam o local da já citada Vila, as cartas de sesmarias desta localidade. (Ver postagem deste Blog que traz como Título "A Sesmaria Perdida").
  8. Portanto acho bem provável que estejam confundindo a Guarda de São Sebastião  com uma guarda posta no ano de 1812, no Boqueirão do Santa Maria. Quando Pedro Fagundes de Oliveira era comandante do Distrito de São Sebastião. Conforme a Carta  de INSTRUÇÕES PARA O COMANDANTE QUE VAI GUARNECER O ACAMPAMENTO DE BAGÉ. Expedida por Dom Diogo de Souza, com data de, 7 de Setembro de 1812.
  9. Também é bem provável que a mudança da Guarda de São Sebastião, comunicada na Carta de Patrício Correia da Câmara, datada de, 5 de Fevereiro de 1802, tenha sido para o local onde fora o Forte de Santa Tecla, que nesta época era ocupado por uma guarda Espanhola. Pois lendo a "Sinopse Estatística do Município de Bagé", do IBGE - ano 1951, Pag. 05, nela encontra-se a seguinte afirmação: [...] Anos depois, em 1801, o "Porta-Estandarte" [...] Domingos José Gonçalves, [...] a incumbência de livrar as Missões do elemento Castelhano, o que fez, estabelecendo-se , após, no Forte Santa Tecla [...] e como prêmio por ato de bravura demonstrado na refrega [...] aos oficiais e praças, que se distinguiram na luta [...]. Segue uma lista de nomes onde aparece o nome de João Madeira. Este sesmeiro no Quebracho, que no requerimento de sua Carta de sesmaria, relata que ali habita desde o ano de 1803, nos campos avançados na Guerra de 1801. Também  lendo o Livro editado pela Academia Bageense de Letras, que tem o título de "História de Bagé do Século Passado", de autoria do Harry Rotermund, encontrei a mesma afirmação do episódio do "Porta-Estandarte". E no Livro "Ensayo Para Una Historia de Cerro Largo" de autoria de Germán Gil Villaamil, que relata um documento datado de 1793, onde relaciona e demonstra as guardas e acampamentos militares Espanhóis na fronteira, entre os anos de 1790/1810, onde cita a do Forte Santa Tecla. 
  10. Finalmente diante de todos os fatos e evidências demonstrados, me leva a afirmar e acreditar que não esta em Dom Pedrito a Origem do Primeiro Núcleo Populacional de Bagé, e nem o Oratório Original de São Sebastião. Acredito que foi no antigo Forte de Santa Tecla o local em que Patrício Correia da Câmara postou a Guarda de São Sebastião, após o ano de 1801. O que justifica pela proximidade o lento abandono do Oratório da Coxilha, situado na Fazenda de Pedro Fagundes de Oliveira. 
     Portanto espero contestações e novos fatos, fundamentados em provas originais e de fontes primárias, como as minhas, para engrandecer ainda mais a História de Bagé.
                                 Rincão dos Olhos d'Água, 11 de Novembro de 2013.
                                                       Nerci  Nogueira
     Obs. esta Postagem complementa a que tem por Titulo "A PRIMEIRA GUARDA DE SÃO SEBASTIÃO", postada no ano 2011.