quinta-feira, 29 de março de 2012

FAZENDA SÃO JOSÉ

     Bagé ainda não existia, esta localidade era conhecida como Cabeceiras do Rio Negro, onde os espanhóis construíram um forte chamado de Santa Tecla. Durante a tomada deste Forte de Santa Tecla pelas forças portuguesas, o Alferes dos Dragões de Rio Pardo Agostinho de Borba, descobriu dois rincões de campos devolutos nas proximidades deste Forte. Deles toma posse e requer como sesmaria. Nas informações deste requerimento, o Comandante dos Dragões de Rio Pardo, Coronel Patrício Corrêa da Câmara, informa que estes rincões estão situados entre os últimos Galhos  Ycabaquã Chico (Camaquã Chico) e dentro da Guarda de São Sebastião e a maior distância do Forte Santa Tecla. Já o Major e Astrônomo do Real Corpo de Engenheiros, José de Saldanha, também informa que mediu estes rincões no ano de 1795 e que eles ficam imediatos a Guarda de São Sebastião. Em 5 de Maio de 1797, antes de receber a Carta de Sesmaria, o Alferes Agostinho de Borba vendeu estes ricões de campo a José Antônio Alves.
     José Antônio Alves que havia sido desapropriado de sua posse em Piratini e desistido do Rincão do Forte de Santa Tecla, recém conquistado na Guerra do ano de 1801. requer no ano de 1806 aqueles dois rincões comprados do Alferes, como sesmaria, obtendo a Carta de Sesmaria no ano de 1816. Os ditos dois rincões de campos foram batizados com o nome de Fazenda São José. que na medição do ano de 1797, estes campos da São José confrontava-se pelo norte com campos de Antonio Luiz dos Reis Fraga, pelo leste com Fernando Pereira Vieira, pelo sul com a Fronteira ou Raia de Portugal e pelo oeste com o Boqueirão que vem do Marco dos Continentes e  com a Guarda de São Sebastião. Já com a medição do ano de 1806, Portanto após a Guerra do ano de 1801, a Fazenda São José continuava com os mesmos limites, porém com novos lindeiros; tinha ao norte José Martins Coelho que comprou os campos que eram de Antonio Luiz dos Reis Fraga; tinha ao leste João Gonçalves Rodrigues que havia comprado os campos que pertenciam a Fernando Pereira Vieira; tinha ao sul a antiga linha divisória, fronteiras de 1750 e 1777 e tinha ao oeste o Capitão Pedro Fagundes de Oliveira, que havia tomado posse e requerido como sesmaria os campos da Guarda de São Sebastião.
     José Antonio Alves veio a se estabelecer com a sede de sua Fazenda São José nas nascentes do Arroio do Moinho, em cujo Arroio fundou o Primeiro Moinho D'Água de Bagé, inspirado em seu sogro o Chico da Azenha.
     José Antônio Alves (*1744 +1823) era natural de Santa Catarina filho de Francisco de Souza Alves e de Barbara de São Tomé (Ambos naturais da Ilha de São Jorge/Açores), casou com Maria Antônia da Pureza, sendo esta filha de  Francisco Antônio da Silveira (Chico da Azenha) e de Antônia Maria de Jesus (Ambos naturais dos Açores), José e Maria tiveram os seguintes filhos; 

  1. Joaquim José Alves c/c Jacintha Antônia de Menezes.
  2. Juliana Maria da Pureza c/c José Francisco Nogueira Picanço.
  3. Eleuthéria Maria da Pureza c/c Joaquim Antônio de Menezes (filho).
  4. Anna Maria da Pureza c/c José Manoel de Abreu.
  5. Antônio José Alves c/c Maria Joaquina de Menezes.

     Com o falecimento de José Antonio Alves no ano de 1823, Maria Antônia da Pureza passou a ser meieira dos bens desta Fazenda. Tendo ela falecida no ano de 1833, seus herdeiros não fizeram inventário das terras que cabiam a Maria Antônia da Pureza. Então o genro José Francisco Nogueira Picanço, que já havia se estabelecido nas terras desta Fazenda, notou que a área superficial da Fazenda era maior que a concedida por carta de sesmaria em 1816. Resolveu então pedir medição judicial desta área, resultando com isto verificar-se que a mesma excedia em 2.741 braças quadradas, além da área concedida. Com isso requereu estas sobras de campos a justiça de Piratini, então competente nesta região. Ocorrendo a Revolução Farroupilha e falecendo José Francisco Nogueira Picanço, durante esta Revolução, sua Viúva recebeu o Título de Doação destas sobras de campos, em 14 de Agosto de 1841. Concedida pela República Rio Grandense, que nesta data tinha como Capital a Capela Curada de São Sebastião de Bagé, e como Presidente Bento Gonçalves da Silva.
     Com a falta do Inventário da meieira Maria Antônia da Pureza, os herdeiros e seus descendentes foram vendendo seus direitos hereditários, surgindo então diversos proprietários, desmembrando toda a área da antiga Fazenda São José. Ocasionando com isso um processo judicial, que no ano de 1874 ocasionou uma medição e demarcação de toda a área de campo desta Fazenda. Porém, em grau de recurso, esta medição e demarcação foram anuladas. Dai em diante permaneceu indiviso os campos desta Fazenda.
Mapa em que localiza a Fazenda São José
     Os filhos de José Francisco Nogueira Picanço e a viúva meieira Juliana Maria da Pureza, acrescentaram as ditas sobras de campos, as partes herdas como legitimas dos avós. formando uma nova estância onde hoje é o Rincão chamado de Olhos d'Água (Não confundir com o Distrito de Olhos d'Água).
     José Francisco Nogueira Picanço natural do Rio de Janeiro, faleceu em Pelotas no ano de 1839, filho de Francisco Xavier Picanço (*Ilha 3ª) e de Caetana Clara de Bittencourt (*Ilha 3ª), casado com Juliana Maria da Pureza com quem teve os seguintes filhos:

  1. Augusto José Nogueira (*1797/Piratini) c/c Eufrázia Perpétua Braga.
  2. Albano Nogueira Picanço (*1802/Canguçu) c/c Luíza Gomes Jardim.
  3. Constância Nogueira Picanço (*1806/Canguçu) c/c Antônio Francisco da Costa e Silva 
  4. Felicíssimo Alves Nogueira c/c Clara Joaquina Gomes.
  5. Leocádia Clara Nogueira (*1808/Canguçu) c/c Felisberto Gomes Jardim.
  6. Libânia Nogueira Picanço (*1811) c/c Israel Rodrigues Jardim.
  7. Inácia Joaquina Nogueira (*1813) c/c Manoel Pereira da Silva.
  8. Áurea Alves Nogueira.
  9. Eleutéria Nogueira Picanço c/c Zeferino Gomes Jardim. 






F O N T E S:

- NOGUEIRA, Nerci - Nos Primórdios de Bagé - Anotações de Registros Históricos (1753-1870).
- MEDIÇÃO DE CAMPO, ANO 1874, BAGÉ - APERS.
- CARTAS DE SESMARIAS - APERS.
- REQUERIMENTOS DE SESMARIA - ARQV. HISTÓRICO DO RIO GRANDE DO SUL.



Meu endereço: nercinogueira@gmail.com

terça-feira, 20 de março de 2012

Segundo Vigil

Segundo Vígil era um espanhol que se radicou por volta do ano de 1860 nas nascentes do Pantano Grande (Distrito dos Olhos d'Água), nas terras da Fazenda do Quebracho, que pertencia aos herdeiros de Angélica Gomes Jardim.
 Apos volumoso Processo Judicial datado de Maio de 1968 ,contra os outros compradores desta Fazenda, venceu ação, e construiu sua fazenda nas proximidades do Passo do Banhado Grande.
Segundo Vígil nasceu no ano de 1824, na Espanha. Era casado com a brasileira Anna Maria Teixeira com quem teve os seguintes filhos:
- Angelo Epiphanio Vígil  c/c  Izalina Lobo Vígil.
-Segundo Cândido Vígil  c/c  Maria Tarcira França.
- Ignácio Brígido Vígil  c/c  Carlota Nogueira Picanço.
- José Luiz Vígil.
-Maria Joaquina Vígil.
- Pompílio Vígil.
- Pedro Cândido Vígil.
-Saturnino Vígil.
-Anna Amália.Vígil.
- Leovigildo Vígil.
Segundo Vígil veio a falecer de bronquite cronica em 29 de Junho de 1900, já Viúvo. Foi sepultado no Cemitério Próximo ao Passo do Banhado Grande, sendo um dos primeiros sepultamento deste cemitério que existe até hoje.


F O N T E  
Nogueira; Nerci
Arquivo Olhos d'Água.